domingo, 22 de maio de 2016

ATIVIDADE DE CASA 9º ANO (23.05.16)

Conto “O espelho” de Machado de Assis 
O ESPELHO
01. Considerando o conto “O Espelho”, de Machado de Assis, assinale a alternativa incorreta:
a) O espelho reflete nossa alma interior.
b) A alma exterior constrói-se com colaboração da sociedade;
c) Apresenta a teoria do personagem Jacobina a respeito da duplicidade da alma humana;
d) O espelho pode refletir nossa alma exterior;
e) A alma interior guarda os nossos segredos mais íntimos;

02. No conto “O Espelho”, de Machado de Assis, para que o personagem protagonista ficasse sozinho durante um tempo suficiente para descobrir a sua alma exterior, o autor
a) isolou o personagem da tia Marcolina e dos criados para que se tornasse profundamente reflexivo.
b) inventou uma doença grave para uma das filhas da tia Marcolina, a filha que morava a cinco léguas do sítio.
c) tornou o seu personagem surdo e mudo para que se ocupasse apenas com a sua própria alma e pudesse enxergar-se.
d) criou obstáculos para o uso de qualquer meio de transporte a fim de que o seu personagem central permanecesse durante várias semanas no sítio da tia Marcolina.
e) elaborou um segundo personagem, um filósofo, com o objetivo de provocar reflexões em seu personagem protagonista.

         Vão ouvir coisa pior. Convém dizer-lhes que, desde que ficara só, não olhara uma só vez para o espelho. Não era abstenção deliberada, não tinha motivo; era um impulso inconsciente, um receio de achar-me um e dois, ao mesmo tempo, naquela casa solitária; e se tal explicação é verdadeira, nada prova melhor a contradição humana, porque no fim de oito dias deu-me na veneta de olhar para o espelho com o fim justamente de achar-me dois. Olhei e recuei. O próprio vidro parecia conjurado com o resto do universo; não me estampou a figura nítida e inteira, mas vaga, esfumada, difusa, sombra de sombra. A realidade das leis físicas não permite negar que o espelho reproduziu-me textualmente, com os mesmos contornos e feições; assim devia ter sido. Mas tal não foi a minha sensação. Então tive medo; atribuí o fenômeno à excitação nervosa em que andava; receei ficar mais tempo, e enlouquecer. – Vou-me embora, disse comigo. E levantei o braço com gesto de mau humor, e ao mesmo tempo de decisão, olhando para o vidro; o gesto lá estava, mas disperso, esgaçado, mutilado… Entrei a vestir-me, murmurando comigo, tossindo sem tosse, sacudindo a roupa com estrépito, afligindo-me a frio com os botões, para dizer alguma coisa. De quando em quando, olhava furtivamente para o espelho; a imagem era a mesma difusão de linhas, a mesma decomposição de contornos… Continuei a vestir-me. Subitamente por uma inspiração inexplicável, por um impulso sem cálculo, lembrou-me… Se forem capazes de adivinhar qual foi a minha ideia…
         - Diga.
         - Estava a olhar para o vidro, com uma persistência de desesperado, contemplando as próprias feições derramadas e inacabadas, uma nuvem de linhas soltas, informes, quando tive o pensamento… Não, não são capazes de adivinhar.
         - Mas, diga, diga.
         - Lembrou-me vestir a farda de alferes. Vesti-a, aprontei-me de todo; e, como estava defronte do espelho, levantei os olhos, e… não lhes digo nada; o vidro reproduziu então a figura integral; nenhuma linha de menos, nenhum contorno diverso; era eu mesmo, o alferes, que achava, enfim, a alma exterior. Essa alma ausente com a dona do sítio, dispersa e fugida com os escravos, ei-la recolhida no espelho. Imaginai um homem que, pouco a pouco, emerge de um letargo, abre os olhos sem ver, depois começa a ver, distingue as pessoas dos objetos, mas não conhece individualmente uns nem outros; enfim, sabe que este é Fulano, aquele é Sicrano; aqui está uma cadeira, ali um sofá. Tudo volta ao que era antes do sono. Assim foi comigo. Olhava para o espelho, ia de um lado para outro, recuava, gesticulava, sorria e o vidro exprimia tudo. Não era mais um autômato, era um ente animado. Daí em diante, fui outro. Cada dia, a uma certa hora, vestia-me de alferes, e sentava-me diante do espelho, lendo, olhando, meditando; no fim de duas, três horas, despia-me outra vez. Com este regime pude atravessar mais seis dias de solidão sem os sentir…
(Trecho final do conto “O Espelho”, de Machado de Assis)
03. De acordo com fragmento e o conto,
a) a construção da alma exterior aconteceu apenas com o alferes.
b) alma exterior e alma interior são conflitantes.
c) as outras pessoas constroem e manifestam nossa alma exterior.
d) nós construímos nossa alma exterior, que os outros manifestam.
e) nossa alma interior pode ser levada por outras pessoas.

04. Identifique a afirmação que se ajusta coerentemente ao fragmento. O narrador se refere
a) a um de muitos espelhos que há na casa.
b) a um determinado espelho.
c) a qualquer espelho.
d) a um espelho mágico.
e) a um espelho que está em suas mãos.

05. No terceiro parágrafo, o trecho “uma nuvem de linhas tortas” caracteriza que figura de linguagem?
a) perífrase
b) metáfora
c) pleonasmo
d) metonímia
e) polissíndeto

06. Explique de acordo com o conto por que o ‘homem teria duas almas e não apenas uma’ ?

Nenhum comentário:

Postar um comentário